"Veja você, onde é que o barco foi desaguar"

A proposta é uma viagem além do senso comum, além dos estereótipos e do preconceito. O Além Mar foi pensado como uma ferramenta para escapar daquele velho "mais do mesmo" e materializar através de palavras um pouco do que penso das coisas.







segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Olhar a cidade de dentro, no coração, na voz, nas pessoas.

A vida bate
Não se trata do poema e sim do homem
e sua vida
- a mentida, a ferida, a consentida
vida já ganha e já perdida e ganha
outra vez.
Não se trata do poema e sim da fome
de vida,
o sôfrego pulsar entre constelações
e embrulhos, entre engulhos.
Alguns viajam, vão
a Nova York, a Santiago
do Chile.
Outros ficam
mesmo na Rua da Alfândega, detrás
de balcões e de guichês.
Todos te buscam, facho
de vida, escuro e claro,
que é mais que a água na grama
que o banho no mar, que o beijo
na boca, mais
que a paixão na cama.
Todos te buscam e só alguns te acham.
Alguns
te acham e te perdem.
Outros te acham e não te reconhecem
e há os que se perdem por te achar,
ó desatino
ó verdade, ó fome
de vida!
O amor é difícil
mas pode luzir em qualquer ponto da cidade.
E estamos na cidade
sob as nuvens e entre as águas azuis.
A cidade.
Vista do alto
ela é fabril e imaginária, se entrega inteira
como se estivesse pronta.
Vista do alto,
com seus bairros e ruas e avenidas, a cidade
é o refúgio do homem, pertence a todos e a ninguém.
Mas vista
de perto,
revela o seu túrbido presente, sua
carnadura de pânico: as
pessoas que vão e vêm
que entram e saem, que passam
sem rir, sem falar, entre apitos e gases.
Ah, o escuro
sangue urbano
movido a juros.
São pessoas que passam sem falar
e estão cheias de vozes
e ruínas .

És Antônio?
És Francisco? És Mariana?
Onde escondeste o verde
clarão dos dias?
Onde
escondeste a vida
que em teu olhar se apaga mal se acende?
E passamos
carregados de flores sufocadas.
Mas, dentro, no coração,
eu sei,
a vida bate.
Subterraneamente,
a vida bate.
Em Caracas, no Harlem, em Nova Delhi,
sob as penas da lei,
em teu pulso,
a vida bate.
E é essa clandestina esperança
misturada ao sal do mar
que me sustenta
esta tarde
debruçado à janela de meu quarto em Ipanema
na América Latina.

Ferreira Gullar

quinta-feira, 30 de junho de 2011

No Sertão somos Grandes e as Veredas são as mais belas

Rumo, caminho, direção, veredas. O nosso fica a aproximadamente 509 quilômetros de distância da capital pernambucana.Salgueiro, cidade sertaneja, lá toda a distância percorrida fica curta diante da beleza, simplicidade, carinho e hospitalidade daquele povo.

O tempo passa numa cronologia diferente, às vezes corre, às vezes se demora, num compasso tão gostoso quanto olhar o pôr do sol, no bar de Pedro Baiano. O mais interessante da cidade é ê, o jeito gostoso da fala, a "paisagem exótica" e cheia de vida, as pessoas

, mais precisamente em Salgueiro, no coração do Sertão

sábado, 30 de abril de 2011

Um pouco de calor...

Chico B.
Hoje, adotei um amigo. O nome dele é Chico Balbino. Foi batizado e será amado por mim. Deve ter pouco mais de um ano, está bem magro, esquálido, tem uns olhos pretos e carentes...Ele já chegou de banho tomado, com um jeito tímido, meio "se querendo pra todo mundo"

Acho que não tem uma raça definida é meio poddle, meio dálmata e isso foi o que mais me chamou a atenção! Mas ele não vinha para mim, mas fui conquistada, arrebatada. Uma amiga da minha mãe o achou na rua e criou afeição, mas não pôde criá-lo pois está grávida e já tem oito cachorros. Então, ela pediu que mainha a ajudasse na missão de arrumar um lar pro cachorro abandonado.



Tio Beto, que gosta mais de cachorro do que de gente, resolveu adotá-lo. Mas, quando Chico chegou aqui em casa não quis deixá-lo sair.


Aqueles olhinhos de ressaca (hehehe), à la Capitu, foram tiro e queda...Agora, ele está dormindo em cima dos meus pés. Tá bem baqueado, bichinho. Magro que só vendo, um pouco assustado. Mas daqui há pouco ele vai tá bonitão de novo. 


O ser humano é foda mesmo! Cria os animais para depois abandoná-los. Mas com Chico o negócio vai ser diferente. :)


 É tudo o que ele precisa...

sexta-feira, 15 de abril de 2011

"Na Luz Somos Um"

De: Nanda Mateus
Para: Cela “Sol” Vieira
10.08.2008
Gira, gira, girassol...Nos campos da vida
 
“Minha amiga, que dia querido
Onde não há brigas, onde não há feridos

Em que a brisa me traz um aconchego perdido

Em que não preciso ir atrás de alguém que tenha partido
Pois comigo estás e nada disso é preciso
Porque tua alegria veta toda tristeza, toda! Friso!

Que dia será esse?

Não hoje, a marca do tempo que passa
Mas sempre! Quando comigo permanece
Tua presença, tua luz e tua graça
Luz do sol,
Céu azul
Celazul
Celasol, minha amiga de asas.”
Para: Nanda Mateus
Minha amiga, na Luz Somos Um... eternamente.
12.04.2011

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Nada a temer senão o correr da luta...

Caçador de Mim
(Milton Nascimento)

Por tanto amor
Por tanta emoção
A vida me fez assim
Doce ou atroz
Manso ou feroz
Eu caçador de mim



Preso a canções
Entregue a paixões
Que nunca tiveram fim
Vou me encontrar
Longe do meu lugar
Eu, caçador de mim


Nada a temer senão o correr da luta
Nada a fazer senão esquecer o medo
Abrir o peito a força, numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura


Longe se vai
Sonhando demais
Mas onde se chega assim
Vou descobrir
O que me faz sentir
Eu, caçador de mim


*Dedicada a Nanda Mateus

E quando a gente não sabe dizer Tchau?

Ela era altiva, sorridente e brincalhona. Lembro-me do meu aniversário em que eu e meu pai fomos buscá-la, debaixo de chuva, para cantar o parabéns pra você. Quando eu a vejo, lá está ela, ensopada e com um pacotinho na mão dizendo: - Me atrasei porque passei na lojinha do supermercado para comprar esse presentinho para você. E me dá um sorriso e um abraço, bem apertado! Nas mãos, um enfeite de prateleira com a sigla do ॐ (letra do alfabeto sânscrito, a antiga língua hindu. Segundo o hinduísmo, ohm é o som do universo). E alguns dizeres. Ela era muito boa na arte de 'emocionar com as palavras'.

De repente, do riso fez-se o choro. Logo ela, ah, ela não combinava com isso, até já a vi chorar, se descabelar, mas isso é coisa de mulherzinha. Mexican Drama! Mas essa era uma versão somente para os mais próximos (hehehe!)

Com Nanda, aprendi a comprar biquínis na C&A por uma pechicha, comprei o DVD do Buena Vista Social Club, por recomendação dela, por sinal foi uma das minhas melhores aquisições. Aprendi o nome de umas 50 doenças, que ela dizia ter e tomava os mais diferentes remédios para tentar saná-las. Mas tudo isso com muita graça e leveza. Até a tristeza era engraçada... E para mim, ela combinava com felicidade, sorriso largo e poesia...

Não costumo atualizar esse blog, acontece uma coisa ou outra, eu esqueço ou me desmotivo e pronto, quando vou notar, já passaram meses. Utilizo, apenas, quando preciso desabafar algo que está me doendo muito, me agustiando, algo que precisa sair para eu continuar seguindo.

A dor de ter perdido Nanda, me marcou e sei que vai me marcar por muito tempo. Pela importância que ela tinha, pela brutalidade do acontecimento, pelo estado em que ficou Tia Patrícia, pela repercussão que o caso gerou e, principalmente, pelo medo que eu estou sentido de sair às ruas. A sensação de falta de segurança. Porra, podia ter sido eu ali, fazendo trabalho.

Como eu gostaria que a morte da minha querida amiga não fosse apenas uma estatística, se transformasse em uma bandeira de Luta! Logo ela tão idealista...
Ontem (13), durante o funeral, algumas pessoas, mais exaltadas, gritavam que os culpados deveriam morrer. Outros se diziam a favor da pena de morte. Bem, eu não acredito que devemos nos pautar pela Lei do Talião: "Olho por olho, dente por dente". Somos muito mais que isso, ou pelo menos eu tento acreditar nessa ideia.


E deixo-a com as palavras que não tive tempo de dizer nos últimos dias, talvez meses:
Nanda, Na Luz Somos Um ( e assim ficaremos para sempre!) Obrigada por todos os momentos e sorrisos bons que me destes.
Siga na luz onde quer que você esteja!

Que Deus te Ilumine!

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Quando eu me aproximava da Ladeira da Saudade...

Orquestra Contemporânea de Olinda
A noite de sábado não poderia ter sido melhor. Farrinha como há tempos não rolava, embalada por algumas cervejas geladas e companhias maravilhosas.
E eu poderia querer mais?? Sim, sim. Porque tenho amigos desenrolados que conseguem ingressos de shows, rá rá rá. E lá fui eu ver o show da Orquestra Contemporânea de Olinda (Oco) com a banda Eddie, no Mercado  Eufrásio Barbosa, em Olinda.

Foram aproximadamente duas horas de uma apresentação energizante, com arranjos que fazem qualquer um remexer os quadris. Os metais tocavam de maneira suave, compassada e estigante. A participação da cantora Isaar deu o tom à festa. Relembrando sucessos como Borboleta Amarelinha, linda e nostálgica essa música(http://www.youtube.com/watch?v=mJipeVfZOa0) . No entanto, hei de fazer uma confidência: estava, estou, bastante exaurida de todo esse Original Olinda Style com toda essa alternatividade de boutique, #Marcela Revoltada detect, mas em 2011 prometi que me permitiria mais. E, juro que estou tentando cumprir isso com afinco. Exceto naqueles dias que a TPM bate forte à porta. Rá rá rá. Aí só Alá.

"Você vai cair na festa com toda alegria que puder levar...". Pois é, Fábio Trummer, eu caí e caí bonito, com direito a suor,litros e litros, passinhos esquisitos (nã, eu enrolo que danço e Rodolfo mais ainda!), cerveja gelada e ressaca no domingo, uhuhuhhuhu. Porque depois da semana punk rock que eu tive, eu saí de casa predestinada a me embriagar. #momentoAmyWinehouse.

Apesar de toda a sauna instalada no Eufrásio valeu a pena, pois a apresentação foi fantástica, obrigada Léozis!!

:)

Minha música favorita da OCO e um pouquinho das ladeiras de Olinda, me emociono sempre que ouço essa canção.


P.S.: Apesar desse texto está meio caótico estou me sentindo tão livre. É tão bom escrever sendo seu próprio editor. Pautas do que der na telha. Ser regulada por você mesma. Ufaaa, salve, salve a internet, éééé!!